
É incrível como os artistas
Em texto recente neste BunKer, tratei de algumas questões relacionadas ao papel do varão, e a necessidade da busca de algumas virtudes "táticas"[1] e, relendo-o mais uma vez não posso deixar de dizer que foi um texto medíocre, principalmente quando comparo com outros autores que vieram a tratar do mesmo tema[2]. Eis que hoje, por indicação de meu amigo Victor, acabo por encontrar um poema de Rudyard Kipling capaz de resumir a questão de forma muito mais clara e bela:
SE
RUDYARD KIPLING
Tradução de Guilherme de Almeida
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para estes no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar --sem que a isso só te atires,
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a Derrota e o Triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
Se és capaz de manter a tua calma quando
Todo o mundo ao teu redor já a perdeu e te culpa;
De crer em ti quando estão todos duvidando,
E para estes no entanto achar uma desculpa;
Se és capaz de esperar sem te desesperares,
Ou, enganado, não mentir ao mentiroso,
Ou, sendo odiado, sempre ao ódio te esquivares,
E não parecer bom demais, nem pretensioso;
Se és capaz de pensar --sem que a isso só te atires,
De sonhar - sem fazer dos sonhos teus senhores.
Se encontrando a Derrota e o Triunfo conseguires
Tratar da mesma forma a esses dois impostores;
Se és capaz de sofrer a dor de ver mudadas
Em armadilhas as verdades que disseste
E as coisas, por que deste a vida, estraçalhadas,
E refazê-las com o bem pouco que te reste;
Se és capaz de arriscar numa única parada
Tudo quanto ganhaste em toda a tua vida,
E perder e, ao perder, sem nunca dizer nada,
Resignado, tornar ao ponto de partida;
De forçar coração, nervos, músculos, tudo
A dar seja o que for que neles ainda existe,
E a persistir assim quando, exaustos, contudo
Resta a vontade em ti que ainda ordena: "Persiste!";
Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes
E, entre reis, não perder a naturalidade,
E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes,
Se a todos podes ser de alguma utilidade,
E se és capaz de dar, segundo por segundo,
Ao minuto fatal todo o valor e brilho,
Tua é a terra com tudo o que existe no mundo
E o que ainda é muito mais - és um Homem, meu filho!
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[1] <Essas são as virtudes práticas de homens obrigados a confiar uns nos outros, num cenário da pior espécie. Força, Coragem, Destreza e Honra são virtudes simples, funcionais. (...) A masculinidade deficiente não passa de falta de força, coragem ou destreza.> - DONOVAN, Jack. O Código dos Homens.
[2] Ver:
- Firmes na Brecha: Uma Chamada para a Batalha - Thomas J. Olmsted, Bispo de Phoenix
- Masculinidade: o que está acontecendo com os homens? - Pe. Paulo Ricardo
- Paz ou Pacifismo - Pe. Paulo Ricardo
- Virilidade Católica - Felipe Lutosa
- A Reconstrução do Homem - Plínio Salgado
- O Código dos Homens - Jack Donovan
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