
A sabedoria dos antigos gregos recorda-nos algumas interessantes lições sobre a estrutura e hierarquia familiar, lições está que a modernidade feminista esforça-se por apagar da memória dos povos. Ensina-nos Xenofonte em seu Econômico:
'E vês, disse minha mulher, o que poderia fazer para colaborar no crescimento de nosso patrimônio?''Vejo, sim, por Zeus disse eu. Tenta fazer, da melhor forma possível, aquilo que os deuses te fizeram capaz de fazer e a lei aprova.''E isso o que é?' disse ela.'Julgo que não são tarefas de pequeno valor, disse eu, se é que, numa colméia, não são de pequeno valor as tarefas a que a abelha-rainha preside. Eu penso, minha mulher, ele contou-me ter dito, que os deuses formaram esse casal de fêmea e macho, como é chamado, com muito critério para que tenha o máximo de vantagens na convivência. Em primeiro lugar, para que não pereça a raça dos seres vivos, esse casal permanece unido gerando filhos; em segundo, a partir dessa união, eles, os homens pelo menos, podem ter amparo em sua velhice; em terceiro, os homens não vivem ao ar livre como os rebanhos, mas precisam de teto, é claro... Mas, para terem o que levar para o interior dos abrigos, os homens precisam de quem faça as tarefas ao ar livre. Ora, lavra, semeadura, plantação e pastoreio, tudo isso é feito ao ar livre e é daí que vêm os víveres. Depois que são levados para o interior do abrigo, ainda é necessário que haja quem os conserve e realize os trabalhos que exigem lugar coberto. Precisam de lugar coberto os cuidados com os filhos recém-nascidos, o preparo do pão a partir dos grãos e o feitio das vestes com fios de lã. Já que ambas as tarefas, as do interior e as do exterior da casa, exigem trabalhos e zelo, desde o início, na minha opinião, o deus preparou-lhes a natureza, a da mulher para os trabalhos e cuidados do interior, a do homem para os trabalhos e cuidados do exterior da casa. Preparou o corpo e a alma do homem para que possa suportar melhor o frio, o calor, caminhadas e campanhas bélicas. Impôs-lhe, por isso, os trabalhos fora de casa; à mulher, penso eu, por ter-lhe criado o corpo mais fraco para essas tarefas, disse-me ter dito, impôs as tarefas do interior da casa. E, sabendo que dentro da mulher colocara o alimento dos recém-nascidos e lhe impusera o encargo de nutri-los, deu-lhe também uma porção maior do amor pelas crianças que ao homem. E, visto que impusera à mulher a vigilância sobre o que está guardado dentro de casa, sabendo que em relação à vigilância não é inferioridade ser tímida de alma, deu à mulher uma porção maior de temor que ao homem. Sabendo, porém, que, em compensação, caso alguém cometa uma ação injusta, é àquele que tem em suas mãos os trabalhos de fora de casa que caberá a defesa, a esse deu uma porção maior de coragem. Mas, porque ambos devem dar e receber, aos dois deu em partes iguais a memória e o zelo. Sendo assim, não poderias discernir qual sexo, o feminino ou o masculino, tem mais desses dons. Fez também que fossem igualmente capazes de controle sobre si mesmos e deu-lhes licença para que quem fosse o melhor, homem ou mulher, assumisse para si parte maior desse bem. E, pelo fato de que, por natureza, ambos não são igualmente bem dotados para tudo, precisam muito um do outro e a união é mais útil ao casal quando um é capaz daquilo em que o outro é deficiente. Sabendo, minha mulher, disse-lhe eu, os deveres que a cada um de nós foram determinados pelo deus, é preciso que tentemos, cada um de nós, levá-los a termo da melhor forma possível. Aprova-o, disse-me ter dito, também ao fazer cônjuges o homem e a mulher. E, como o deus os fez parceiros quanto aos filhos, assim também a lei os instituiu como parceiros na casa. E a lei declara nobre aquilo para o que os fez mais capazes por natureza. Para a mulher é mais belo ficar dentro de casa que permanecer fora dela e para o homem é mais feio ficar dentro de casa que cuidar do que está fora. Se alguém faz coisas estranhas à natureza que a divindade lhe deu, talvez os deuses não deixem de perceber que ele está fora de seu lugar e ele é punido por descuidar-se de tarefas que são suas ou fazer tarefas da mulher.
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