Agora, vamos tratar
dos remédios externos contra a impureza.
3. Meios externos de
castidade:
a) fuga do ócio e
intemperança...
[10] Em primeiro
lugar, é preciso fugir absolutamente da ociosidade. Conforme se lê
nas profecias de Ezequiel, foi o ócio que embruteceu os habitantes
de Sodoma e os precipitou naquele imundíssimo crime da mais abjeta
devassidão.
Depois, devemos
esforçar-nos por evitar a intemperança. “Eu os saciei, diz o
Profeta, e eles cometeram adultério". A razão é porque o
ventre cheio e saturado provoca a sensualidade. Nosso Senhor nos faz
a mesma advertência : “Guardai-vos, pois, de agravar vossos
corações com excessos de comida e bebida" . E o Apóstolo
também diz: “Não vos embriagueis com vinho, pois nisso há luxúria"
….dos olhares
indiscretos
Muita s vezes, são
sobretudo o olhos que ateiam a luxúria no coração. A isso alude
aquela palavra de Cristo Nosso Senhor: "Se teu olho te for
ocasião de pecado, arranca-o e lança-o para longe de ti".
Inúmeras são, aliás, as passagens dos Profetas que redundam na
mesma doutrina. Por exemplo, o que dizia Jó: "Ajustei com os
meus olhos, para que nem sequer me acudisse a lembrança de urna
virgem". Muitos também, e quase inumeráveis, são os exemplos
de desgraças que tiveram sua origem na fixação de um olhar. Assim
pecou Davi , assim pecou o principie de Siquém; do mesmo modo
delinquiram também os anciãos, que caluniaram Susana.
...dos requintes da
moda
[11] Por sua vez, os
requintes da moda agradam muito à vista, mas provocam não raro
tentações impuras. Por isso mesmo, adverte o Eclesiástico:
''Afasta teus olhos da mulher que estiver ataviada”. Ora, · como
as mulheres se comprazem em adornos exagerados, será de bom aviso
que o pároco, de vez em quando, as advirta e repreenda naqueles
termos rigorosos que o Apóstolo São Pedro empregou, quando falava
desta matéria “ O adorno das mulheres não consista em
exterioridades : cabelos armados, adereços de ouro, gala e luxo nos
vestuários". São Paulo também insiste em que elas não andem
"com cabelos frisados, com joias de ouro, com pérolas e ricos
vestidos". Na verdade, muitas mulheres que se adornavam com
ouro e pérolas, perderam a formosura da alma e do corpo.
...das conversas,
cantigas e bailes torpes
A esta provocação
de luxúria, proveniente do exagero no trajar, acresce outra que são
as conversas torpes e obscenas . As palavras obscenas são como
um facho que põe a arder o coração dos adolescentes. “As más
conversas, diz o Apóstolo, corrompem os bons costumes".
Piores efeitos,
ainda, surtem as cantigas e os bailes sensuais e voluptuosos. Devem,
pois, ser evitados com o maior escrúpulo.
...do livros e
imagens obscenas
Nesta categoria
entram também os livros obscenos e romances amorosos. É um dever
evitá-los, bem como as imagens indecentes, porque tais coisas
arrastam, com a maior violência, a prazeres sensuais, e inflamam
para o mal o coração dos jovens.
O pároco por sua
vez, obrigar-se-á a cuidar, antes de tudo, que a respeito de imagens
sejam estritamente observadas as santas e respeitáveis determinações
do Sacrossanto Concilio de Trento.
Havendo, pois,
grande zelo e vigilância em se evitarem os perigos que acabamos de
apontar, desaparecem quase todas as ocasiões para os desmandos da
luxúria.
b) uso frequente dos
Sacramentos
[12] Mas a maior
força para a sua repressão está no uso frequente da Confissão e
da Eucaristia; depois, nas assíduas e fervorosas orações a Deus,
acompanhadas de esmolas e jejuns. Pois a castidade é uma graça, que
Deus não nega a quem a pede com as devidas disposições. Além do
mais, Ele não permite que sejamos tentados acima de nossas forças.
c) obras de
mortificação
[13] Devemos,
entretanto, exercer o corpo não só por meio de jejuns, preferindo
os dias instituídos pela Santa Igreja,
mas também por vigílias, piedosas romarias e outras espécies de
mortificação. Devemos, pois, sofrear a petulância dos sentidos.
Nestas e noutras práticas semelhantes é que mais se manifesta a
virtude da temperança.
No mesmo sentido
escrevia São Paulo aos Coríntios : “Todos aqueles que lutam na
arena, fazem abstinência em toda s as coisas. Eles assim procedem,
para conseguirem uma coroa que murcha; nós, porém, (lutamos) por uma coroa incorruptível" . Mais adiante diz ele: "Castigo o meu corpo, e o reduzo à escravidão, para que, depois de
haver empregado a outros, não seja eu mesmo condenado como réprobo".
E noutro lugar : "Não ceveis a carne em favor da má
concupiscência" .
Catecismo Romano; III Parte: Dos Mandamentos; VI. 6° Mandamento; pág. 449-450.
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