3º Domingo da Quaresma
Primeira Leitura (Êx 20,1-17)
Salmo Responsorial (Sl 18)
Segunda Leitura (1Cor 1,22-25)
Evangelho (Jo 2,13-25)
1. A liturgia de hoje trata de um tema um tanto quanto impopular entre os teólogos modernos: a cólera divina. Empanturrados de uma teologia ruim, de um liberalismo pacifista e irresponsável, pregam aos fiéis tão somente um lado do Pantocrator, falam da misericórdia e negligenciam a justiça, acabando transformando a Igreja numa casa de tolerância, que aceita tudo em seu interior, cúmplice das mais nefastas abominações.
A primeira leitura traz a recordação dos mandamentos, e o primeiro e mais importante deles, é hoje tão negligenciado. Diz o Senhor Javé Deus dos Exércitos: <Não terás Deoses estrangeiros diante de mim. (Ex 20, 3)>; mas não é o exato oposto do que se tem praticado atualmente? Sob a desculpa de ecumenismo, o clero, o alto clero, introduz, no Templo Santo do Senhor religiões estranhas, convidam idolatras e adoradores de demônios a recitar orações aos seus deuses pela paz, sobre o aplauso da mídia - que não é outra coisa senão uma sanfona do inferno - e de fiéis tolos e incautos. E tal como diz o Apóstolo na segunda leitura, a sabedoria de Deus parece loucura a estes homens: veem o zelo da doutrina como intolerância, a fidelidade ao Senhor como fanatismo. Estes homens abandonaram os caminhos de Deus e a fidelidade a sua palavra para ouvir o mundo e seus demônios, acaso ficarão sem castigo? De maneira alguma! Não é pois, a pandemia que assola nosso país um sinal dos céus, uma primeira de uma série de pragas para castigar as iniquidades deste povo infiel?
2. O Evangelho, nos traz a cena de Nosso Senhor a expulsar os mercadores do templo... Quiçá nos fossemos capazes de imitar tamanho zelo, ecoar alguma valentia, e não sermos contados entre os covardes que nada fazem enquanto os chacais disfarçados de pastores devoram as almas do rebanho. Acaso é preciso sinal mais claro, que somos governados por traidores, que as numerosas blasfêmias protagonizadas pelo mesmos bispos durante está chamada campanha da iniquidade?
3. Termino, essas reflexões com um poema de Álvarez de Azevedo, em louvor a cólera divina. Louvemos, o Senhor nosso Deus, o soberano que domina toda a terra:
A TEMPESTADEFRAGMENTOProfeta escarnecido pelas turbasDisse-lhes rindo — adeus!Vim adorar na serrania escuraA sombra de meu Deus!O céu enegreceu: lá no ocidente
Rubro o sol se apagou;E galopa o corcel da tempestadeNas nuvens que rasgou...Da gruta negra a catarata rola,Alaga a serra bronca,Esbarra pelo abismo, escuma uivandoE pelas trevas ronca...O chão nu e escarvado p’las torrentesTrêmulo se fendeu...Da serrania a lomba escaveiradaO raio enegreceu.Cede a floresta ao arquejar frementeDo rijo temporal,
Ribomba e rola o raio, nos abismosSibila o vendaval.Nas trevas o relâmpago fascina,A selva se incendeia...Chuva de fogo pelas serras hirtasFantástica serpeia...Amo a voz da tempestade,Porque agita o coração...E o espírito inflamadoAbre as asas no trovão!A minh’alma se devoraNa vida morta e tranqüila...Quero sentir emoções,Ver o raio que vacila!Enquanto as raças medrosasBanham de prantos o chão,Eu quero erguer-me na treva,Saudar glorioso trovão!Jeová! derrama em chuvaOs teus raios incendidos!Tua voz na tempestadeReboa nos meus ouvidos!É quando as nuvens ribombamE a selva medonha está,Que no relâmpago surgeA face de Jeová!A tuba da tempestadeRouqueja nos longos céus,De joelhos na montanhaEspero agora meu Deus!O caminho rasgou-se: mil torrentesRebentam bravejando,Rodam na espuma as rochas gigantescasPelo abismo tombando.Como em noite do caos, os elementosincandescentes lutam.Negra — a terra, o céu — rubro, o mar — vozeia— E as florestas escutam...Tudo se escureceu e pela treva,No chão sem sepultura,Os mortos se revolvem tiritandoNa longa noite escura...............................................................................Profeta escarnecido pelas turbasDisse-lhes rindo — adeus!Vim fitar ao clarão da tempestade— A sombra de meu Deus!
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